Autora: Adriane Masiero
adri_masiero@hotmail.com
A
gestão escolar é parte do processo educativo, influencia na forma de aprender,
nos objetivos propostos e nos resultados obtidos. É responsável pela formação
de uma sociedade melhor. A equipe de gestores de uma instituição de ensino tem
o poder de transformar a escola, a comunidade onde está inserida e ainda
motivar mudanças positivas na sociedade. O Supervisor como parte integrante da
equipe gestora deve ter um olhar nobre sobre o que ensinar, por que ensinar e
para que ensinar.
Com base nas entrevistas
realizadas com Supervisores escolares observa-se que ainda existe uma grande
distância entre o real, e o que é considerado na atual situação histórica da educação,
o ideal. A função do Supervisor apresenta características históricas de um
período antidemocrático, tecnicista e burocrático da educação brasileira, como
encontramos a seguir:
Buscando a
semelhança do sistema educacional com o empresarial no sentido de sua
eficiência produtiva, cria-se um currículo voltado para as questões técnicas do
ensino. Essas evidenciam o que e
o como ensinar, derivando daí o
surgimento de materiais didáticos, métodos e equipamentos voltados para o
aperfeiçoamento do trabalho docente. (Henning,
2010).
Neste sentido, o Supervisor repousava
a sua prática pedagógica, buscando cumprir seu papel de acordo com o momento
histórico social.
A supervisão
escolar pouco tem ampliado seu olhar
sobre o verdadeiro sentindo da sua existência. Ao longo dos anos, as funções e
o trabalho do Supervisor têm apresentado pequenas alterações, sempre ligadas ao
período histórico. O Supervisor ainda carrega implícito na função, o passado
marcado por uma visão negativa, atrelada a conceitos de punição, correção,
fiscalização.
O
desempenho de Supervisor, em muitas escolas, ainda é o trabalho burocrático e
de fiscalização. E como se pode observar
nas entrevistas, a função de acompanhar a proposta de aprendizagem dos alunos,
aliada ao trabalho do professor, não tem grande importância. O preenchimento de
papéis, a fiscalização e controle de frequência, planos de trabalho e outros
documentos, são mais importantes, pois exigem prazos e não podem deixar de ser
entregues. Sobra pouco tempo, ou em alguns casos, nenhum tempo para acompanhar
o trabalho dos professores. Acompanhar, neste caso, entende-se como auxiliá-los
na elaboração de propostas que tragam sentido aos alunos e ao grupo escolar, como
encontramos a seguir:
Desvela-se,
assim, a função do Supervisor como referência frente ao grupo, frente ao todo
da escola. Este profissional enquanto responsável pela ‘coordenação’ do
trabalho pedagógico assume uma liderança, um papel de responsável pela
articulação dos saberes dos professores e sua relação com a proposta de
trabalho da escola. (Rolla, 2006).
Esse
importante papel do Supervisor, em muitas vezes não é realizado, pois a estigma
do trabalho burocrático e de fiscalização, continua ameando a nova função.
Posicionando
hierarquicamente, o Supervisor também tem um trabalho a cumprir, o qual deve
prestar contas. Em muitas vezes, submetido a cumprir tarefas que nem sempre
estão de acordo com sua visão de educação. Podemos observar esses fatos na
realidade expressa nas entrevistas, onde o Supervisor é obrigado a aplicar
sanções sem concordar com a falta cometida pelos Professores.
A
relação Professor e Supervisor deveria ser um encontro de soma de aprendizagens
e de sustentação para que ocorra a aplicabilidade, esperando-se resultados
positivos. Encontramos algumas respostas para como deve ser a relação entre
Professor e Supervisor: “Esta mudança de paradigma demanda
outras atribuições, fazendo com que professores passem a buscar no Supervisor
uma ação renovada, apoio, formação, orientação, a fim de qualificar sua prática
pedagógica.” (Rolla, 2006).
Buscar culpados
para falhas na forma de educar, a fim de aplicar punições como medidas de
correção e melhora, não deve ser a melhor escolha para quem pretende educar
pelo exemplo. A sugestão mais adequada à problemática está no entrosamento e no
propósito comum do grupo escolar. Neste caso, o Supervisor com sua visão
global, deve ser o incentivador e articulador de meios que promovam o
conhecimento para seu grupo de trabalho, bem como, buscar auxiliar a prática
pedagógica como facilitador para que se alcance as metas estabelecidas.
Essas mudanças
propõem que o papel da supervisão tenha uma visão crítica e não neutra da
realidade escolar e social, de responsabilidade de colaboração de
ressignificação da profissão. Não são tarefas utópicas, como podemos observar em
uma das entrevistas, onde se percebe otimismo com relação à profissão e clareza
na definição e na execução das tarefas do Supervisor.
Diante das
perspectivas de inovação o supervisor escolar representa uma figura de
inovação. Aquele profissional que assume o papel fundamental de decodificar as
necessidades, tanto da administração escolar, a fim de fazer com que sejam
cumpridas as normas e como facilitador da atividade docente, garantindo o
sucesso do aprendizado. Contudo, a ação supervisora tornar-se-á sem efeito se
não for integrada com os demais especialistas em educação, (Orientador Escolar,
Secretário Escolar e Administrador Escolar) respectivamente. (Giancaterino)
Dessa forma, o Supervisor na sua
prática, deve estimular a concretização de projetos que transformem a realidade
da comunidade escolar, apoiado em esforços coletivos para obtenção de
resultados positivos. O Supervisor que tem como objeto do seu trabalho a
produção do professor afasta a hierarquização e contribui para o desempenho
docente mais qualificado. (Giancaterino)
Finalizando as reflexões sobre a história da
função do Supervisor na escola, é necessário compreender as grandes
transformações sociais e culturais que estiveram presentes na trajetória da
educação, para assim, perceber as significações que estão atreladas a
profissão. Percebendo a origem destas significações é possível ressignificar e
reestruturar o papel do Supervisor escolar.
Levando em consideração as entrevistas
realizadas com profissionais que trabalharam com a supervisão, percebe-se que a
função junto aos professores é o ponto mais significativo do trabalho, o mais
importante para o sucesso de boas práticas em sala de aula. Entretanto, em algumas vezes, destina-se
pouco tempo para o desenvolvimento desta tarefa primordial, em função de
atividades burocráticas, não desnecessárias, nem menos importantes, mas que não
contribuem para a prática educativa em sala de aula, como resultado da
aprendizagem.
Também se observa que o Supervisor é o motivador
do professor, um líder positivo, não deve permitir que o pessimismo destrua a
crença na solução dos problemas encontrados na educação.
Bibliografia
GIANCATERINO, Roberto. A supervisão escolar educacional: mudanças sob olhar de uma educação
libertadora.
LEAL,
Adriana Bergold. HENNING, Paula Corrêa. História,
regulação e poder disciplinar no campo da supervisão escolar in Educação em Revista, v.26, n.02,
p.359-382. Belo Horizonte, 2010.
ROLLA, Luiza Coelho de Souza. Liderança educacional: Um desafio para o
supervisor escolar. Porto Alegre, 2006
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